18 de abril de 2010

23 dias de uma estranha civilização


Tentando começar de um início que não sei qual é. A vida, como mudou! É difícil detalhar o que está acontecendo, o que minha cabeça está pensando, na verdade, nunca esteve tão a mil por hora como está nesses Vinte e três dias de um país estranho, com suas regras - Bem vindo a um país civilizado e que faz as coisas acontecerem. A famosa England!
Os pensamentos se atropelam, a minha vontade me atropela.
Muitas coisas me perturbam, me fazem enxergar, me mostram caminhos num túnel tão escuro. Uma mistura de sentimentos, de transtornos. Pensamentos confusos.
Para quem achou que aqui fosse glamour total de passarelas, enganou-se, como eu! Nunca duvidei que seria difícil minha fuga de uma cidade que eu não suportava para um país que eu admirava, mas talvez os papéis tenham se invertido nesse momento.
Moro em Gravesend, um interiorzinho calmo, com pessoas um pouco mais normais que as da Capital, e quer saber? Não tenho vontade alguma de ir morar na Capital. Aqui é tudo lindo, tranquilo, mesmo não tendo nada para fazer - e como diz Caio Fernando Abreu: "tenho dias lindos, mesmo quietinhos".
Mas posso falar a verdade? O que realmente anda me incomodando? Toda essa tranquilidade. Para quem sempre viveu rodeada de gente, com os melhores amigos e uma família incrível ao seu lado, parar, olhar e realmente ver que agora é cada um por si nessa tragetória, é bem complicado!
As coisas ainda não estão funcionando como o planejado, mas preciso ter calma, ainda não completei nem Um mês nessa estranha civilização!
Tenho vontade de mandar tudo quanto é gringo para bem longe, talvez Belém, mas não maltrataria meus conterrâneos com tal proeza. Eles são frios, estranhos, com muitas regras, mas não posso negar a incrível educação que eles têm. Coisa que na minha cidade não existe.
É chato viver com tantas regras. Logo eu que gostava de desrespeitar algumas. Regras que a sociedade impõe e que eu as desobedeço quando posso e quando não as passam por meus princípios.
Mas sem esse blá blá blá agora.
O importante mesmo é esperar por um momento que não sei qual é. Um futuro escuro.
Sinto saudades de tantas coisas, e passei a dar valor a tantas outras.
Achava frescura quando me falavam de solidão. Pensava: "Ah solidão a pessoa só tem quando quer, por que é mto fácil encontrar pessoas alí na esquina que queiram tomar uma cerveja!" - Me ferrei! Mordi minha língua!
A solidão é algo que não desejo para ninguém, não falo nem para os meus inimigos por que graças ao Papai do Céu, não tenho nenhum! Mas não desejo nem para a pior pessoa do mundo.
Sabe aquela música: "Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê? Minha alegria, meu cansaço. Meu amor, cadê você? Eu acordei, não tem ninguém ao lado!"
Queria ter uma fada madrinha que pudesse realizar meu desejo por pelo menos dez minutinhos.
Aí escolheria receber um abraço de alguém, principalmente da minha mãe.
Nuuuossa, um abraço da mamãe! Sentir o cheirinho dela, ou daquela comidinha brasuca que só ela sabe fazer aos sábados, do peixinho da vovó as quintas, dos churrascos da família aos finais de semana e do cotidiano e da rotina ao lado dos meus amigos de segunda a segunda. Que saudade!!!!
Sinto falta, mas terei que superar isto! Por que não tenho nenhuma fada madrinha!
A solidão me condenou!
Meus amigos aqui? Meus livros, esse computador e meu ipod! Claro que não posso negar que meu irmão é o melhor deles. Mas na hora que a solidão bate são esses três primeiros que me ajudam muito!
Ainda não quero voltar. Tenho muitos lugares para conhecer, além de muitos gringos, que não é possível que não tenha um aqui que não seja interessante e tenha seu valor. Mas um já tem seu espaço marcado. O que falo aqui são de gringos amigos, na qual possa rir e falar muita bobagem, por mais que meu coração já tenha se fechado para amizades, pois tenho os melhores amigos do mundo me esperando em Belém.
Estou sozinha agora, me recuo, me afasto, me estranho. Calada? Nunca fui isso! Aprendi a ser! Boca fechada? Também nunca fui! Aprendendo a ser!
É bem complicado, mas foi a vida que eu escolhi, a vida que eu quero para mim. Não troco com ninguém! Até não sei quando!


"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos"

.(Clarice Lispector).

2 comentários:

  1. Gostei, gostei mesmo desse diário virtual..
    Lembou minha época de U.S.A!
    Um turbilhão de sensações por minuto, né?
    Talvez os papéis tenham se invertido, já previa isso, foi o que aconteceu comigo.
    Vais amar ainda mais belém e desejar estar aqui quando começar o inverno mesmo, pra valer!
    Nossas pessoas, nossa terra, nossas belezas naturais são invejáveis minha amiga, eu desejaria sim que meus inimigos pudessem ver de perto da minha terra, sentí-la, cantá-la!

    Vou virar tua leitora, e no que eu puder ajudar..
    Quanto á solidão já te disse: se consegues driblá-la, o resto é merda..

    Bei-jos. Tá add lá na Odara.

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  2. "Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só."



    Te amo! Estarei sempre contigo!
    SEMPRE

    Pri Martins

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